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A revolta de Atlas - Volume 1

Ayn Rand
 

Olá Galera, tudo bem?

Hoje vamos conversar sobre esse livro que li para o desafio do Skoob de Agosto: Livros de Folclore e/ou Mitologia, porém não sei se o pessoal do desafio vai considerar esse livro como válido, pois na verdade, esse livro não sobre mitologia o nome na verdade é uma metáfora fazendo referencia ao mito grego do Atlas. Atlas era um titã que junto com outros titãs desafiaram Zeus, como castigo Atlas foi obrigado a sustentar o mundo nas costas e o seu nome passou a significar " portador" ou "sofredor". Outra curiosidade a nossa primeira vertebra da coluna também é chamada de Atlas porque ela segura o crânio. No livro Atlas representa os pensadores, os inovadores e os individuas criativos que suportam o peso do mundo decadente.

Esse é o primeiro livro de uma triologia e segundo a contra capa é o livro mais influente nos EUA depois da bíblia (muita presunção...). Antes de adentrar na história do livro é importante falar um pouquinho da autora e do contexto em que o livro foi escrito, a autora nasceu na União Sovietica czarista em 1905, a fim de fugir da revolução russa a família se mudou para Crimeia, mas depois da ascensão do comunismo o estabelecimento comercial do pai dela foi confiscado e eles passaram fome. Depois de formada ela foi visitar parentes nos EUA e alegou que ficaria poucos dias, no entanto, nunca mais voltou para a Russia e se naturalizou americana. O livro foi publicado em 1957, portanto, no auge da guerra fria.

Dito isso, vamos a história acho que podemos dizer que o livro se trata de uma distopia, a história se passa em um EUA de um período não definido que esta um tanto quanto decadente, mas principalmente esta bastante corrompido, principalmente dessa filosofia que sempre foi característica dos EUA do fazer dinheiro, vencer  "american way", e também pelo que conseguimos entender os EUA é o ultimo reduto do "capitalismo" e o mundo esta lotado de republicas populares.

Então vamos conhecer a Dagny Taggart, a vice-presidente de operações da Taggart Transcontinental a principal companhia ferroviária do país e apesar de seu irmão James ser o presidente oficial da companhia quem realmente dirige a companhia é a Dagny, uma mulher extremamente inteligente, prática, pragmática e forte, inclusive, é a única mulher de destaque no livro. E o livro já começa com ela lutando para tentar salvar a principal ferrovia da companhia a linha rio-norte que passa pelo Colorado, aliás esse estado se tornará muito importante na história.

Além da Dagny, outro personagem de extrema importância é o Hank Rearden, o dono da siderúrgica Rearden, um grande industrial, mas também um grande batalhador que veio do nada e se fez por sua própria capacidade, a verdadeira personificação do sonho americano. Por outro lado, ele é tão workaholic quanto da Dagny, tem uma família, mas não tem tempo para eles, mas ele não sofre por isso, pois na verdade o que o faz feliz é o trabalho. Ele criou um novo tipo de liga, muito melhor que o aço, mais resistente, mais leve, mais barato  e que cria infinitas possibilidades para indústria, no entanto, ele esta tendo muito problema para que a sociedade a aceite. Ele vai se juntar a Dagny em um projeto que beneficia os dois.

E tem o Francisco o personagem mais enigmático de todos, era um dos Atlas, talvez o maior dos Titãs que sem nenhuma explicação tornou-se um grande playboy inconsequente. Porém suas ações simplesmente não combinam com as falas o que deixa tudo mais misterioso.

Os personagens se dividem entre os que se auto denominam esclarecidos dizendo que nada que é material importa e que se deve pensar mais na sociedade, no entanto, esses personagens com esse discurso são os que se apropriam do trabalho dos outros, abusam, são arbitrarios em nome de um chamado "bem maior". Os outros são os práticos, os empresários e industrias sérios que visam sim, o lucro e que não se envergonham disso, são os criativos e inovadores.

O que me incomodou no livro foi justamente essa construção dos personagens, eles são maniqueístas, não no sentido original da palavra de bondade e maldade, mas no sentido que não tem tons de cinza nesse livro ou se esta em um extremo ou no outro. Ou se é um babaca com um discurso social, mas que no fundo tem motivações mais que egoístas ou se é o inteligente, prático, workaholic que não entende nada que não possa ser explicado em termos de equação, ou seja, nada de sentimentos ou complexidades fora do mundo físico com esse pessoal.

"Dagny, não há nada de mais importante na vida, exceto a sua competência no seu trabalho. Nada. Só isso. Tudo o mais que você for vem disso. É a única medida do valor humano. Todos os códigos que vão tentar enfiar na sua cabeça não passam de dinheiro falso impresso por vigaristas para despojar as pessoas de suas virtudes. O código da competência é o único sistema moral baseado no padrão de ouro."

Outra coisa que me incomoda é que em função da posição politica da autora há muita distorção, hoje o que chamaríamos de responsabilidade social empresarial aqui é levada a um extremo ridículo.

Fora toda essa questão politica, o livro tem um mistério, pois esses Atlas que vem bravamente sustentando a sociedade estão pouco a pouco desaparecendo sem motivo aparente e sem deixar rastros ou pistas de seu destino ou objetivo. Isso é muito intrigante, porque do nada no meio do livro alguém simplesmente decide se aposentar ou fechar seu negócio de sucesso.
 
Outra coisa que me incomodou foram as relações não profissionais da Dagny e estou chamando assim e não de relação amorosa, porque eles não assumem ter sentimentos envolvidos (apesar de que é óbvio que tem) eles acham que é uma coisa mais relacionada ao instinto e a essa coisa "suja" e "animalesca" o sexo, portanto, é dessa forma que o sexo é retratado, porém o que me incomoda é a posição da Dagny essa mulher tão forte nesse momento diz que se submete ao homem e que esta pronta para todo o tipo de coisas que ele quiser fazer, o próprio pensamento da Dagny é machista, pelo menos, ela acha legitimo sentir prazer. Mas esse tipo de coisa incomoda um pouco, principalmente escrito  por uma mulher.
 
No entanto, apesar dessas coisas que me incomodavam em alguns momentos, a escrita do livro é muito boa, consegue te manter interessada e usa estratégias bem interessantes para situar o leitor, voltando para o passado em forma de lembrança, ou passando todo um capítulo (que são grandes) descrevendo um festa, mas na verdade, nessa festa temos uma visão do que é a sociedade e suas facções. As descrições realmente te transportam para o livro e além de tudo tem os mistérios: "Quem é John Galt?" Por isso, eu vou continuar lendo a serie.
 
É melhor eu parar porque já ficou gigante.
 
Livro: A revolta de Atlas v. 1 - Não contradição
Autor: Ayn Rand
Editora: Sextante
Ano: 2010
350 páginas
 
 
 


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2 comentários:

Unknown disse...

Oi Dani,
Eu sempre vejo esse livro em promoção e sempre fico na dúvida se o adquiro ou não.
Mesmo com as críticas parece que você gostou bastante.
Vou acompanhar as outras resenhas da série.
Sobre ele valer para o Desafio, eu infelizmente diria que não, mas eu sempre causo polêmica por lá,rs.
Mas você leu enganada, achou que tinha algo a ver, acredito que as meninas aceitem sim, rs.
O importante é participar.
bjs,
Luana
www.blogmundodetinta.blogspot.com

Unknown disse...

Luana,
Eu comprei ele numa dessas promoções e para dizer a verdade pq achei o box lindo, mas acho q a leitura vale a pena sim e tz outras pessoas nem se sintam incomodadas como eu, pois acho q o q me incomodou tem mais a ver com opiniões pessoais.
O desafio p mim tem sido importante p mexer nos livros da minha estante lendo o q não leria por agora como nesse caso, portanto pessoalmente valeu. Bjus

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