23/06/2015

O morro dos ventos uivantes

Emily Brontë
 


Oi Pessoal, tudo bem?

Hoje vamos conversar um pouco sobre O morro dos ventos uivantes, que faz parte do meu desafio do Skoob desse mês: Casais.  E eu tinha que escolher esse livro? Estou enrolando para escrever o comentário porque simplesmente tenho dificuldades de expressar meus sentimentos com relação a esse livro, porque pela primeira vez na vida eu não sei se gostei ou não de um livro.Eu levei um tempinho para ler esse livro e foi preciso encaixar algumas leituras mais leves no meio.

Vamos a história: o livro começa com Mr. Lockwood que alugou uma casa de fazenda (a granja) em um lugar bastante retirado no interior da Inglaterra, visitando o seu locador e descobrindo o quão estranha e excêntrica parece aquela família, Mr. Heathcliff não se importa em ser educado ou minimamente agradável. Hareton, um grosseirão e bruto. Catherine, uma jovem triste, mal humorada e sem vida. Depois de ficar preso nessa casa após uma nevasca acontece uma cena estranhíssima envolvendo um quarto onde viveu uma outra Catherine e o Mr. Heathcliff e Mr. Lockwood adoece fica preso a casa, mas isso não é tão ruim, pois ele descobre que a governanta conhece muito bem a história daquela excêntrica família e começa a conta-la em detalhes para Mr. Lockwood e assim nós os leitores ficamos sabendo da história.

E então vamos conhecer Heathcliff, o garoto surgido de lugar nenhum, sem família, origem ou sequer um nome e sua relação/sentimento por Catherine (a primeira), uma garota temperamental e impetuosa, que não aceita que sua vontade não seja cumprida, que senti tudo com uma intensidade fora da normalidade.

"Mas seria uma degradação, se eu me casasse com Heathcliff agora. E por isso ele nunca saberá o quanto eu o amo. Não é porque ele é bonito, Nelly, mas porque ele é mais eu do que eu própria. Não importa do que são feitas nossas almas, a dele e a minha são iguais. E a de Linton é tão diferente quanto um raio de lua é diferente de um relâmpago, ou a geada do fogo."
(Tem como simpatizar com a Catherine?)

Todo livro tem essa atmosfera pesada, de tristeza, de fatalismo, mas não há nada de fatalismo na verdade tudo o que acontece a esses personagens foi construído por eles mesmo, por orgulho, por teimosia, por capricho. Ás vezes, eu só odiava a Catherine e o Heathcliff, quer estragar a própria vida ok, mas precisa envolver os outros nisso? No entanto, em outros momentos eu ficava com pena deles e achando a vida injusta. O irmão da Catherine é meio idiota, egoísta e ciumento, mas não dá para colocar a culpa nele. A pessoa mais sensata de todo o livro é a governanta Nelly, se todos a escutassem um pouco mais, muito sofrimento seria poupado.

Heathcliff depois de sofrer humilhações e sofrimento age da maneira menos adequada possível, ele busca vingança e todos os atos dele são movidos por esses sentimentos tão intensos, o "amor", o ódio e a vingança. Para atingir o seu objetivo ele não poupa ninguém de sofrimentos e degradações, nem mesmo aquele que no final de sua vida era o único que ainda mantinha um sentimento real por ele.

Catherine é um ser muito estranho, voluntariosa e egoísta. Se pensarmos na época e nos costumes conseguimos entender a sua escolha em questão de casamento, mas será que não teria uma forma mais adequada de lidar com as consequências de seus atos?

A história é muito bem contada, de maneira que consegue manter o seu interesse o tempo todo, mesmo se você não simpatiza com os personagens (como é o caso da Catherine 1), além disso, eu fiquei pensando no que a Virginia Woof falou no seu Um teto todo seu, a Emily com todo esse sentimento preso dentro dela, sem poder deixar isso sair pela sua arte, presa na sua pequena cidade, sem poder conhecer o mundo e colocar mais vida e mais mundo na sua própria experiência foi capaz de criar um livro como esse meio gótico, nada a ver com o que Jane Austen, por exemplo, escrevia. No meu livro tem uma mini biografia da Emily e ela parecia ser muito, muito melancólica, me pergunto se não sofria de depressão. Quero muito ler a obra das outras irmãs, incluindo o menos aclamado Agnes Grey da Anne.

Falando um pouco da minha edição, olhando assim é linda, tem uma das capas mais lindas da minha estante, é capa dura e bilíngue, porém eu não recomendo. A diagramação é terrível, eu gostaria de tentar ler em inglês, mas é impossível enxergar, além da letra ser muito, muito pequena ainda tem a página dividida por colunas o que torna a leitura extremamente desconfortável. A parte em português é um pouco melhor, mas ainda assim desconfortável, letras pequenas e tomando toda a extensão da folha, às vezes, eu queria ler um pouco mais, mas não conseguia pela diagramação. Vi algumas pessoas reclamando da revisão e tradução dessa coleção, nesse livro não achei nada gritante, encontrei uma discordância de gênero e uma frase com a concordância verbal estranha, mas nada que me incomodasse demais e se você o caso eu poderia tentar ler o trecho em inglês.

Se me perguntarem se eu recomendo o livro eu diria que sim, mas não espere um romance ou uma história fácil, porém acho que todos devem entrar em contato com essa obra.

Livro: O morro dos ventos uivantes
Autor: Emily Brontë
Editora: Landmark
Ano: 2014
183 páginas (parte em português)

Por hoje é isso, peço desculpas pela confusão da resenha, mas realmente acho difícil falar sobre esse livro.

Até a próxima,

Bjus,

Dani Moraes
 

2 comentários:

  1. Oi, Daniela!
    Entendo sua confusão de sentimentos com relação a esse livro. Até o momento, ele está na minha lista de "detestei", mas penso em dar uma segunda chance a ele. Quando o li, foi por obrigação, para a faculdade, numa época de muito cansaço, e em inglês... daí não sei se realmente não gostei da história ou se não consegui prestar atenção suficiente nela. Ter lido Um Teto Todo Seu também me fez ver as coisas de um jeito diferente. Enfim... Heathcliff é mesmo insuportável, mas pretendo ler de novo para formar uma opinião melhor do livro.
    Beijo

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  2. Michelle,
    Não só o Heathcliff, mas a primeira Catherine era insuportável....ahh... acho que ela provocou a metade dos problemas, enfim, acho que apesar dos pesares eu gostei do livro e talvez você deva realmente dar oura chance...
    Bjus,

    Dani Moraes

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