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Marie Curie - uma vida

Susan Quinn
 

Oi Pessoal, tudo bem?

Hoje eu quero compartilhar uma leitura bem legal que fiz com vocês, biografia não é um gênero que eu leio com tanta frequência, mas eu sempre me interessei por Marie Curie e quando vi esse livro na casa de uma amiga minha (obrigada Deise) acabei não resistindo porque eu acho a história de vida de Marie Curie incrível.

Para você que não sabe quem é Maria Sklodowska, também conhecida como Marie Curie, ela foi uma das maiores cientistas de todos os tempos, junto com o seu marido Pierre Curie descobriu a radioatividade, descobriu e isolou dois novos elementos químicos (Radio e Polonio) e foi peça essencial de toda a revolução na ciência (química e física) que ocorreu no inicio do século XX alicerçando com as suas descobertas a teoria atômica. Sim, eu adoro ciência e adoro história da ciência aceitem.

Qual é o diferencial dessa biografia gigante? O trabalho de pesquisa da autora e contextualização que ela faz durante toda história, então ao invés de você simplesmente ficar sabendo sobre a história dessa mulher (o que já seria incrível) você é inserido no contexto histórico e social, até porque dessa maneira fica mais fácil de entender as atitudes e os posicionamentos dos personagens do livro.

Pensando nisso, o livro inicia na Polônia do final do século XIX contando um poucos sobre os avôs e os pais da família da Marie, dessa maneira podemos conhecer um pouco da Polônia e do seu histórico de ser dominada. Entender o espirito nacionalista que corria dentro da família e assim, fazer a conexão do porque Marie se preocupava tanto em provar por A + B a existência do Polônio.

Durante a infância de Marie com toda a situação de doença e perda, a exigência do pai quanto aos estudos compreendemos um pouco da austeridade dessa mulher.

Mas o livro fica realmente excelente quando  Marie vai para Paris e somos inseridos nessa Paris de inicio de século que se achava tão importante, mas que na verdade era absurdamente atrasada quando se tratava de igualdade de gêneros, de xenofobia (casos Dreyfus esta aí e não nos deixa mentir), politica e tudo isso acabava influenciando nessa que deveria estar acima desses pontos preconceituosos, que é a ciência.

Fiz várias marcações, mas para dar um exemplo, quando duas autoras tentaram ingressar na Sociedade dos Homens de Letras, Octave Mirbeau, escritor da Belle Époque respondeu:

 "A mulher não é um cérebro, ela é um sexo, o que é muito melhor. Ela só tem um papel nesse mundo, o de fazer amor, ou seja, perpetuar a raça. Ela não é boa para nada além do amor e da maternidade. Algumas mulheres, raras exceções, têm sido capazes de dar, seja na arte ou na literatura, a ilusão de que são criativas. Mas elas são anormais, ou simples reflexos dos homens. Prefiro as que são chamadas prostitutas porque elas, pelo menos, estão em harmonia com o Universo."

Quero lembra-los que por essa época já tínhamos Jane Austen , Mary Shelley, Louisa May Alcott e irmãs Bronte só para citar alguns exemplos.

E a autora faz isso durante todo livro, citando jornais, revistas e etc e assim nos inserindo no contexto da época.

Outra coisa incrível de se ver é a relação entre Marie e Pierre, geralmente eles são retratados com tal austeridade que ler as cartas trocadas entre eles no auge da paixão é muito interessante e entendermos que apesar de cientistas brilhantes eles são humanos.

A parte que mais gostei com certeza é a parte sobre a descoberta, porque a autora não chega e simplesmente joga a radioatividade no seu colo, até porque nenhuma descoberta cientifica ocorre dessa forma, somos introduzidos ao contexto cientifico, ao estado da arte das descobertas para só então irmos construindo o conhecimento junto com os cientistas. Outra coisa interessante, é entendermos a importância desses cientistas não só em dar subsídios para entender, mas também para construir toda a teoria atômica, às vezes, os Curie são erroneamente mais associados ao tratamento contra o câncer (radioterapia) do que naquilo que eles são mais expoentes que é no embasamento da teoria atômica.

Outra coisa que o livro faz é desconstruir um pouco essa Marie Curie cara de tia brava e cientista seria, sim ela é retratada como tal, mas ela também é retratada como uma pessoa, que cometeu erros, que sofria por amor, que se preocupava com as filhas, mas de certa forma também as negligenciava, ou seja, um ser humano, cheio de ambiguidades e dualidades.

No livro também ficamos sabendo sobre o caso que assolou a vida da Marie, sobre sua participação na segunda guerra, como isso a afetou, como foi receber os prêmios nobel, álias ela ganhou dois (física e química), primeira mulher a ganhar o premio nobel e única a receber dois, a segunda mulher a ganhar um nobel foi Irene Curie sua filha e tudo que permeou a vida dessa grande cientista, mas acima de tudo grande mulher.

O livro é maravilhoso, rico em detalhes, imparcial e com uma pesquisa impecável. Eu recomendo muitíssimo se você gosta da Marie, se você gosta de entender um pouco o contexto histórico, se você gosta de ciência ou se você simplesmente goste de uma boa história e incrívelmente bem contada.

Livro: Marie Curie - uma vida
Autor: Susan Quinn
Editora: Scipione Cultural
Ano:1997
Classificação: Biografia
526 páginas

Até a próxima,

Dani Moraes


 

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